Tecnologia aliada à saúde será fundamental após a pandemia

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Tecnologia aliada à saúde será fundamental após a pandemia

AMRIGS participou de debate que pontuou desafios e prioridades na área da saúde no RS

Nesta quinta-feira (24/06), a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) participou da terceira edição do RS Pós-Pandemia, seminário promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) que reuniu especialistas para debater os desafios da área da saúde para o período após a pandemia da COVID-19. O evento abordou o tema “Quando a COVID-19 vai se tornar uma doença comum?”, e ainda, “Como o sistema de saúde atenderá a demanda reprimida pela pandemia?”, e contou com a mediação do presidente da ALRS, Gabriel Souza.

O presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira Jr, falou sobre a importância da vacinação e ressaltou a necessidade de criar soluções de planejamento e gerenciamento de recursos, e regularizar os casos represados e o sistema de saúde nos próximos anos.

“Os pacientes que foram recuperados não apresentam somente problemas da ordem respiratória, eles possuem deficiências cardiológicas e psicológicas, por exemplo, e necessitam de atendimento. Precisamos criar grupos de ação para atender esses pacientes.

Somado a isso, as cirurgias represadas de todas as áreas foram afetadas e tudo que não foi tratado ou diagnosticado se comporta hoje como uma situação de maior gravidade. Precisamos debater medidas para que essas demandas sejam solucionadas”, afirmou.

O coordenador executivo do Centro de Contingência de Combate ao Coronavírus do Estado de São Paulo, João Gabbardo dos Reis, apresentou medidas de enfrentamento e comentou sobre as mudanças na rotina da sociedade.

“A doença poderá ser controlada, mas será contínua, e isso ocorrerá com certa frequência e com números reduzidos. Para isso, é fundamental seguirmos com medidas de contenção e mitigação, e fazer a supressão, ou seja, o lockdown quando for necessário. A vacina diminui a possibilidade de contágio, mas não elimina. Assim, não é possível dispensar o uso de máscaras e o cumprimento das orientações das autoridades de saúde. As reuniões virtuais devem ser estimuladas também, pois o percentual de redução dos números está diretamente ligado as taxas de transmissão”, destacou.

Segundo dados trazidos pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), o Rio Grande do Sul chegou a 30.749 mortes por COVID-19 nesta semana, e registra 1.193.849 casos confirmados desde o começo da pandemia. Na prática, segundo a Secretária estadual da Saúde do RS, Arita Bergmann, o momento é de fazer a gestão da pandemia enquanto ela deixa para a população uma série de legados e aprendizados.

“A dor da perda e o impacto na vida das pessoas irão marcar nas relações, nos desafios e prejuízos econômicos. Tivemos capacidade de organização das vacinas em tempo recorde e fortalecimento da vigilância em saúde e atenção primaria, além da expansão da implementação da tecnologia. Mas o maior desafio agora é superarmos a perdas”, pontuou.

Para os especialistas, o momento é de encontrar maneiras de mitigar não apenas a pandemia e os casos, mas também a demanda represada, e debater sobre os pacientes com casos recuperados. Ao todo, no Brasil, 1,3 milhões de cirurgias não foram efetivadas no SUS em 2020. No Rio Grande do Sul, somente em oncologia, 200 mil casos diagnósticos foram represados. Para o Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS), Eduardo Trindade, é preciso otimizar a estrutura com hospitais preparados para atender com alta complexidade uma demanda que aumentará.

“Teremos uma demanda nova de pacientes que não existia e precisamos pensar como vamos atender de forma mais precoce os pacientes que tiveram alta. Temos que aumentar a testagem em massa e fazer o rastreamento para controlar possíveis novos surtos que podem vir a ocorrer, além de manter o uso de máscaras e higienização. Precisamos ampliar a atenção primaria de saúde e reduzir a ociosidade nos hospitais com aumento da capacidade de atendimento”, disse.

Já a médica infectologista e prefeita de Cruz Alta, Paula Rubin Facco Librelotto, comentou que as unidades de saúde estão sobrecarregadas e atuando no terceiro turno.

“Temos uma demanda reprimida e que aumentou por causa da recessão econômica de pessoas que ingressaram no SUS, além do aumento abusivo de medicamentos. O sistema de saúde passou do limite da capacidade e os profissionais estão atuando no terceiro turno, sem contar nos os que já estão afetados. Precisamos de financiamento para tecnologia de ponta, investir na gestão de dados e aproximar mais pacientes por meio da telemedicina, por exemplo”, defendeu.

Nesta semana, O RS voltou a ter 87% de ocupação de leitos de UTI, e registrou 2.956 pacientes em 3.396 vagas. A preocupação do presidente da Federação das Santas Casas do RS, Luciney Bohrer, é fortalecer o corpo de funcionários, pois ainda não há uma previsão de término da pandemia.

“Estamos com dificuldade financeiras e esgotamento mental e físico, além de pacientes que chegam com complicações e que não tiveram acesso ao atendimento. Vimos o quanto é importante termos hospitais fortalecidos e precisamos ter uma discussão profunda sobre o financiamento para as unidades de saúde, a fim de criarmos condições para atender a demanda reprimida”, ressaltou.

Porto Alegre ultrapassou, na quarta-feira (09/06), a marca de 50% da população com 18 anos ou mais vacinada com a primeira dose de imunizantes contra o coronavírus, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Dentre 1,1 milhão de habitantes com mais de 18 anos na capital gaúcha, 552.157 receberam a primeira dose, o que representa 50,03% da população adulta da cidade. A segunda dose foi aplicada em 28,8% dos habitantes.

Fonte: Fernanda Calegaro
Fotos: Marcelo Matusiak

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