Ação faz parte do Setembro Amarelo que visa sensibilizar a sociedade e os profissionais da saúde sobre sintomas e cuidados com a saúde mental
Falar de suicídio e saúde mental é sempre desafiador. Na data de 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) realizou uma palestra com participação de médicos especialistas no assunto. O encontro teve a moderação da psiquiatra e psicoterapeuta, Dra. Clara Ester Trahtman, representante da Associação de Psiquiatria do RS (APRS).
Dr. Alfredo Cataldo Neto, palestrante psiquiatra e psicanalista com doutorado em Clínica Médica (PUCRS), fez referência a casos históricos, como do pintor holandês Vincent Van Gogh, que cometera suicídio, segundo consta na história, mas que até hoje tem a versão contestada.
“No Brasil, há pessoas que duvidam que Getúlio Vargas teria cometido suicídio. Essas coisas acontecem porque é muito difícil aceitar que alguém tire sua própria vida. Para a população e para os profissionais da saúde é algo muito complicado de admitir”, comentou.
A médica Maria da Graça Cantarelli, psiquiatra e Doutora em Neurociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também palestrante, chamou a atenção para as tentativas de tirar a própria vida.
“Sabemos que essas situações são fatores de risco para o ato. As pessoas se revoltam contra si, ainda mais, porque sentem-se fracassadas. Se já estava achando-se incapaz de estar viva, passa a sentir-se ainda pior porque também falhou nisso”, explicou.
Em sua abordagem, a médica falou do estigma e do sigilo como características presentes em relação ao tema do suicídio. Citou a dificuldade do paciente em buscar ajuda; a falta de conhecimento e atenção sobre o risco por parte dos profissionais de saúde e família e a ideia de que suicídio não é frequente.
Cenário no Rio Grande do Sul
A elevação do número de óbitos por suicídio no Rio Grande do Sul é motivo de preocupação entre os especialistas, ainda mais pelo território gaúcho ter o maior número de casos do país. O secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta, alertou a respeito do quadro gerado na pandemia.
“As nossas emergências estão lotadas de um modo geral e com o atendimento à saúde mental ocorre o mesmo. A população foi muito impactada do ponto de vista financeiro, o que repercutiu em muita migração dos planos de saúde para o SUS. Não há dúvidas que a pandemia influenciou nisso, pois notamos um aumento expressivo de casos”, disse.
A iniciativa do evento foi da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS).
Fonte: Marcelo Matusiak
Fotos: Marcelo Matusiak e Ana Carolina Piñeyro
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