Diante da recente saída anunciada pelo governo cubano do Programa Mais Médicos, a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) reitera seu posicionamento favorável a valorização dos profissionais brasileiros. Entendemos que há, sim, médicos formados no Brasil em número suficiente para atender às demandas da população, bastando para isso que sejam priorizadas condições adequadas do ponto de vista remuneratório e de condições de trabalho. Uma prova é o grande número de interessados na Prova AMRIGS, seleção para Residência Médica que esse ano ultrapassou seis mil inscritos.
A AMRIGS sempre entendeu que a vinda de médicos cubanos sem a devida revalidação de seus diplomas colocava em risco a saúde de todos os brasileiros, especialmente àqueles de regiões mais carentes e desassistidas.
O programa foi criado em 2013 na gestão de Dilma Rousseff para levar médicos a regiões distantes e periféricas do país. A vinda dos profissionais cubanos foi acertada através de convênio firmado entre os governos brasileiro e de Cuba por meio da Organização Pan-americana de Saúde (Opas). A atuação, no entanto, dispensava a validação do diploma dos profissionais, o que consideramos inaceitável.
Também reiteramos a posição de que é preciso qualidade e não quantidade nas escolas médicas. De nada adianta a proliferação de cursos de medicina, sem o devido controle de qualidade. Nossa contrariedade não tem relação com a ampliação do número de vagas para os estudantes, mas sim com as condições oferecidas para a manutenção da excelência no ensino da especialidade médica. Por sua natureza, o médico lida com vidas e se faz indispensável que todo o processo de aprendizagem seja de excelência, não sendo, jamais, admitido que sejam criadas condições medianas para o desenvolvimento profissional daqueles que cuidarão da saúde da população no futuro.
É preciso, acima de tudo, investir no plano de carreira adequado para os médicos que atuam na rede pública. É indispensável oferecer infraestrutura com equipamentos modernos e adequados. Por fim, acreditamos que a saída para a desassistência médica em regiões afastadas de centros urbanos passa pela consolidação do modelo de centros regionais que possam permitir o acesso amplo e de qualidade aos pacientes nas mais distantes localidades.
Presidente da AMRIGS, Alfredo Floro Cantalice Neto