Vida de Médico: Daniel Rosa
A Revista AMRIGS traz a história de Daniel Rosa, médico anestesiologista, formado pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas, em 1987, tendo feito Residência em Florianópolis no Hospital Celso Ramos durante os anos de 1993 e 1994. Atua no Hospital Pronto Socorro, Hospital da PUCRS e Hospital Santo Antônio, e atendimentos de urgência e emergência no interior do estado.
“Ao longo de toda carreira, temos uma carga muito grande de emoções e situações vividas com dramas familiares e decisões a serem tomadas, sempre, de forma muito rápida. Não podemos pedir, em muitos casos, uma segunda opinião. Sempre existe uma pressão muito forte a cada procedimento. Até mesmo em uma cirurgia eletiva, não temos como prever algum tipo de problema e, então, sempre dá um friozinho na barriga. Surgem situações, mais dramáticas e passei por várias ao longo da carreira.
Como uma espécie de defesa nossa, como médicos, procuramos muitas vezes não levar essas sensações fortes para casa, mas é algo muito difícil. As vezes é um pai de família que vai ficar incapacitado e por mais que não queiramos, acabamos absorvendo e nos envolvendo. É uma das coisas mais difíceis em nossa profissão. Em um plantão de 24 horas, passamos por muitas situações de tensão.
A primeira anestesia que eu fiz sozinho, foi por exemplo, um momento especial. Pela carga de responsabilidade que passei a ter. Porém, todos os procedimentos, até hoje, trazem uma sensação parecida. Se formos pensar pelo lado do pacientes, esse fenômenos faz todo sentido, pois aquele é sempre um momento marcante para ele”.
Fora do Consultório
O meu envolvimento com a música me ajuda muito a aliviar esta carga emocional. Sempre me dediquei bastante compondo e interpretando, o que já me rendeu até mesmo um Prêmio Açorianos. Nos dois primeiros anos, inclusive, fiz aulas de Música de forma paralela à Medicina. De alguma maneira, uso isso para que possa tirar o foco apenas de área médica.
Sempre vivemos assim, mas agora há um agravante com todo os casos que envolvem COVID. São casos que carregam uma pressão muito grande. As vezes a pessoa lembra só que o médico está valorizado, mas não enxerga o outro lado. Por isso, a música é uma válvula de escape que permite tirar a cabeça do ciclo de pressão e ansiedade. Todos na minha área, precisam dar um jeito de desligar e a música é um grande instrumento para isso. Se eu puder dar uma dica seria esta. A arte ajuda muito no equilíbrio mental.
Nos últimos anos me dediquei a First Aid Medical Band. Uma banda formada por 10 integrantes, todos médicos. Fazíamos shows beneficentes, antes da pandemia, com arrecadação toda destinada a instituições que atendem pessoas necessitadas. É muito gratificante e tem um significado muito especial. Nos mantivemos ativos usando as redes sociais, mas assim que as condições permitirem queremos retomar com força os shows presenciais.
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