Evento integrou esporte e conhecimento para prevenir a segunda doença que mais mata no país
Luana Machado correu debaixo da chuva forte neste domingo (27) para dizer que a vida dela vale a pena. Em maio, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ficou sem enxergar do olho esquerdo por sete dias e internada por 14. Moradora de Guaíba, suspeitou dos sinais e veio ela mesmo dirigindo a Porto Alegre em busca de socorro. “O que me salvou foi agir depressa”, afirma. Recuperada e sem nenhuma sequela, mudou de hábitos: agora segue dieta e adotou a corrida como parte da rotina. “Se eu não cuidar de mim, quem vai?”, brinca.
Luana fez parte do pelotão de 500 corredores que levou a mensagem de que evitar um AVC passa, necessariamente, pelo cuidado. O percurso foi uma das ações que, ao longo do dia, explicou mais sobre a doença e sua prevenção. Iniciativa dos hospitais Moinhos de Vento e Clínicas, além da Rede Brasil AVC e da Prefeitura de Porto Alegre, o evento ofereceu ainda atendimentos gratuitos como verificação de pressão, peso e altura, avaliação de riscos e orientações com profissionais. Aulas de dança, palestras, brincadeiras para crianças e o lançamento do aplicativo Riscômetro de AVC e do livro “Tinha um AVC no meu caminho” também fizeram parte da programação.
Por hora, cerca de 45 pessoas têm um AVC no país. São quase 400 mil casos ao ano; no Rio Grande do Sul, 15 mil. Uma a cada quatro pessoas sofrerá o acidente. Para a neurologista Sheila Martins, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Moinhos de Vento e presidente da Rede AVC Brasil, é preciso informar e formar o maior número de pessoas possível. “Devemos orientar o cidadão para que ele saiba como agir quando alguém está sofrendo um AVC”, explica. Segundo a especialista, são dois milhões de neurônios que morrem a cada minuto sem socorro. “O atendimento precisa ser rápido, assim que surgirem sintomas como alteração para falar ou paralisia parcial ou total. Com agilidade, podemos evitar sequelas e a morte.”
Incentivo e prevenção
Quem também apressou o passo sob a bomba d’água que caía na Redenção foi a professora Hillary Pimentel. Ela fez 3 km pelo tio que morreu após sofrer AVC em setembro. “É uma homenagem para ele. Mas também é um ato de consciência de que a prevenção precisa ser praticada.” Com três casos na família, a cabeleireira Carla Ramos Sansone participou do evento pela terceira vez. “Sempre incentivo as pessoas a virem. Saúde é movimento”, define ela, que faz exames periódicos em virtude do histórico.
A partir de segunda-feira (28), Porto Alegre será a primeira cidade do Brasil a implantar o programa internacional da Iniciativa Angels, da Boehringer Ingelheim e endossado pela World Stroke Organization, que já existe em alguns países desenvolvidos. O pontapé inicial será pela escola Vereador Carlos Pessoa de Brum, do bairro Restinga, com 125 alunos. O projeto, que aborda os sinais do acidente e como chamar socorro, deve percorrer inicialmente mais quatro escolas. As professoras da rede pública também participarão da formação.
Para o superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, Luiz Antonio Nasi, esse é o grande diferencial que irá multiplicar o conhecimento e a consciência. “De forma pedagógica, envolvendo as crianças que são multiplicadores em casa, vamos mudar a realidade e ajudar a salvar vidas”, disse.
Porto Alegre modelo mundial
Dos 65 hospitais que possuem centros de AVC no país, 16 estão na Região Metropolitana de Porto Alegre – todos capacitados pelo Hospital Moinhos de Vento, que é referência nacional. Trata-se do maior programa brasileiro de atendimento e tratamento, plenamente de acordo com as normas internacionais e habilitado conforme critérios do Ministério da Saúde.
Atualmente, 100% das equipes do SAMU estão treinadas para este atendimento e Porto Alegre está iniciando um programa na atenção básica para prevenção. A capital gaúcha recentemente foi indicada pela World Stroke Organization como referência para países em desenvolvimento pela atuação.
Também estiveram no evento a coordenadora adjunta da atenção primária à saúde da Prefeitura de Porto Alegre, Diane Moreira do Nascimento, e a enfermeira Daniela Skolaude, do Hospital de Clínicas.
Fonte: Antônio Purcino/Moinhos Critério
Foto: Freepik
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