Confira a entrevista feita pela Revista AMRIGS com o idealizador do projeto, Telmo Kiguel
De que maneira é possível agir na prevenção de Condutas Discriminatórias (CD)e que medidas práticas precisam ser adotadas?
Quando se pensa em prevenção é necessário inicialmente identificar/definir/diagnosticar o agente causador do sofrimento humano, seja ele físico e/ou mental. Exatamente isto é o que pretende, basicamente, O Projeto Discriminação da Associação de Psiquiatria do RGS – APRS (PD): propor uma definição psiquiátrica para a Conduta Discriminatória e consequentemente para o Discriminador. No momento atual a Ciência Jurídica já definiu algumas CD como Crime. O PD pretende que a Psiquiatria também consiga uma definição. Após atingir esta meta e sua consequente divulgação, deverá ocorrer o mesmo que ocorre em todas as áreas da Medicina: com o conhecimento que uma determinada conduta é causadora de sofrimento para si e/ou para outros, as pessoas passem a se cuidar/evitar/prevenir este comportamento.
Como convencer a pessoa que age dessa maneira a buscar tratamento e quais seriam os maiores desafios para isso?
Como expusemos na resposta anterior, o objetivo inicial é que com o conhecimento da definição de que sua CD é “suspeita” (p. ex.: ou é um sintoma ou uma doença, etc.), a própria pessoa poderia inibir este comportamento. Quanto a buscar tratamento, não conseguimos prever se isto ocorrerá ou não no futuro.
Nos últimos tempos há um debate muito grande sobre a maneira raivosa, com radicalismo e odiosa que as pessoas estão tratando temas como eleições e futebol, por exemplo. Esses casos precisam ser analisados de forma distinta ou todas discriminações são iguais?
Ao que tudo indica, provavelmente, ocorrências discriminatórias seriam mais frequentes em situações de competição. O PD tem o seu foco principalmente nas CD que já são consideradas crime pelo Direito.
Como o senhor entende que o tema deve ser tratado com as crianças, uma vez que elas serão o indicador de como essas questões serão tratadas no futuro?
A princípio, o futuro das crianças dependerá de quem são seus cuidadores (pais, professores, etc.). Se são ou não discriminadores e da consciência que tenham ou não destas características. Ocorre que muitas vezes há uma diferença entre como são os pais e a orientação de professores/escolas. Se houver uma boa tolerância por parte dos pais desta diferença poderá resultar em benefício: um bom exemplo/modelo de aceitação de idéias/pensamentos diversos, o que poderia ajudar estas crianças a lidarem melhor com a tão conhecida “DIVERSIDADE’’.
Como o tema poderia ser estruturado no sistema público de saúde e que tipo de estrutura física e de recursos humanos seria necessária?
Penso que este planejamento ainda está muito distante. Só poderemos pensar em questões práticas como estas depois de conseguirmos uma definição.
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