Entidades consideram revoltante e degradante ?Parada do Orgulho Louco?

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Entidades consideram revoltante e degradante ?Parada do Orgulho Louco?

A chamada “Parada do Orgulho Louco”, que vestiu doentes mentais de palhaço para levá-los às ruas em Alegrete, interior do Rio Grande do Sul, gerou forte reação de entidades preocupadas com os cuidados e dignidade de quem sofre com transtornos psiquiátricos. Em nota oficial divulgada no fim de semana, sete entidades lideradas pelo Sindicato Médico do RS (SIMERS) consideraram “revoltante e degradante ver a irresponsabilidade e falta de sensibilidade daqueles, cuja missão seria justamente cuidar e proteger o enfermo, expondo-o publicamente”.SIMERS, Conselho Regional de Medicina (Cremers), Associação Médica do RS (AMRIGS), Associação de Psiquiatria do RS (APRS), Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Sociedade de Apoio ao Doente Mental (Sadom) e Associação Brasileira de Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) assinam o Apedido e repudiam a exploração da ingenuidade dos doentes para fazê-los desfilar pelas ruas.
Além disso, o grupo de instituições avaliou como vergonhoso “políticos oportunistas” tentarem atrair os holofotes dos veículos de Imprensa “pisando no sofrimento das famílias”. Deputados estaduais compareceram ao ato e divulgaram fotos para jornais e redes sociais. As entidades já analisam instrumentos jurídicos para responsabilizar civil e criminalmente os envolvidos na realização da Parada. A preocupação é com os prejuízos à saúde dos enfermos levados ao ato.
Superintendente do GHC foi de helicóptero à parada
A Parada é alvo de outra polêmica, que veio à tona na semana passada e foi destacada na nota das entidades. Auditoria do Tribunal do Contas do Estado (TCE) revelou que a ex-secretária da Saúde do Governo Tarso Genro e agora superintendente do GHC, Sandra Fagundes, foi transportada com um helicóptero do serviço aeromédico do Estado ao ato em 2014.  A ex-secretária, que hoje dirige um dos maiores grupos hospitalares do País, gerou gasto de R$ 18.300,00 aos cofres públicos, verba que poderia ter sido destinada à assistência.
Rede insuficiente em saúde mental
o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, esclarece que a assistência em saúde mental apresenta grandes carências na estrutura do SUS no Estado e País. Não há uma rede ambulatorial e de hospitais que dê conta das necessidades de atendimento da população e que é prevista na política de saúde mental em vigor, liderada pelo Ministério da Saúde. O número de leitos é insuficiente para atender as internações indicadas para situações de risco à vida dos pacientes.
Há ainda baixa oferta de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são apontados como unidades de referência aos cuidados, seja para transtornos em geral como para dependentes químicos. São apenas 181 CAPS em 2015, para 497 localidades gaúchas. Em 2011, eram 141. Medidas recentes da Secretaria Estadual da Saúde asseguraram a retomada de vagas em residência de psiquiatria, cuja formação ocorre no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), em Porto Alegre.
O Governo Tarso extinguiu vagas de residência em psiquiatria infantil e parte na área de adultos do programa do HPSP. As entidades que assinam o apedido “Orgulho Louco” denunciaram a desativação em 2014, ao Ministério Público Estadual, devido aos prejuízos aos pacientes. No primeiro semestre de 2015, a pasta da Saúde no Governo Sartori repôs as vagas, que serão ocupadas em 2016 após a seleção de médicos. A ampliação no número de psiquiatras e a garantia da formação em programas reconhecidos pela qualidade, como o do São Pedro, são essenciais para reforçar a estrutura de assistência.

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