Dengue: infestação do mosquito em Porto Alegre para 2016 já preocupa

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Dengue: infestação do mosquito em Porto Alegre para 2016 já preocupa

As condições climáticas deste ano de 2015 já se configuram como favoráveis para aumentar a infestação do mosquito da dengue na Capital no período 2015-2016. O fenômeno de El Niño registrado neste ano tem elevado as temperaturas e mantido as precipitações pluviométricas acima da média histórica na cidade. “Com essas condições, não é de estranhar que já se observe a presença de mosquitos Aedes aegypti em um mês de inverno, quando as temperaturas baixas deveriam estar limitando a população desse inseto”, frisa a bióloga Maria Mercedes Bendati, da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS).
Os dados do monitoramento das armadilhas Mosquitrap mantidas pela desde outubro de 2012 pela CGVS já permitem verificar como as condições climáticas interferem na infestação do vetor na cidade. Em 2015, a infestação do mosquito adulto ficou no nível satisfatório a partir da semana epidemiológica (SE) 24 (14 a 20 de junho). Agora, em agosto, já se observa uma tendência de que se atinja um nível de infestação moderada, indicando que o calor fora de época está também antecipando a reprodução dos insetos.
Em anos anteriores com o monitoramento com armadilhas, o período de inverno garantiu uma redução importante na população de mosquitos, o que se reflete na época de maior risco de transmissão. “Quanto mais tardio é o aumento da população dos mosquitos, mais reduzida se torna a situação de risco epidemiológico de transmissão viral”, explica Maria Mercedes. No Brasil, o primeiro semestre do ano se caracteriza por maior número de casos da dengue. Em Porto Alegre, foram confirmados 69 casos de dengue no primeiro semestre deste ano. O mês de agosto registrou o primeiro caso importado de dengue no segundo semestre: um morador do bairro Rio Branco que viajou para a Bahia. Como a infestação do vetor estava em nível satisfatório na SE 31 (2 a 8 de agosto), quando o paciente teve os primeiros sintomas da doença, não foi necessária a aplicação de inseticida no entorno da sua residência. Com este caso, sobe para 70 o número de pacientes com dengue em Porto Alegre em 2015.
Calor no inverno – Com um inverno atípico, com mais chuva e temperaturas mais altas, cada cidadão de Porto Alegre deve ter mais atenção aos cuidados para evitar e eliminar possíveis criadouros de mosquitos nas residências e estabelecimentos comerciais. Além do risco de temporais, alagamentos e cheia do Lago Guaíba, o El Niño poderá provocar mais acúmulo de água em pátios, calhas e recipientes que possam acumular água, para evitar a proliferação do inseto. Umidade e temperaturas mais altas constituem o ambiente propício para o desenvolvimento dos ovos do mosquito Aedes aegypti.
O biólogo da CGVS Getúlio Dornelles Souza lembra que as fêmeas podem colocar os ovos em um ambiente seco e, depois de um ou dois dias, esses ovos estão prontos para o seu desenvolvimento. Com um detalhe: os ovos, depois desse período, podem permanecer em ambiente seco por um período de até 500 dias ” um ano e meio “, eclodindo quando entrarem em contato com a água. “Como a previsão é de muita chuva, o risco de aumento dos locais de criadouros do mosquito é muito grande, por isso é importante que cada morador de Porto Alegre vistorie pelo menos uma vez por semana a sua casa, eliminando acúmulo de água em todo tipo de recipientes”, explica.
O biólogo enfatiza que em Porto Alegre 60% dos criadouros estão em pequenos recipientes, que podem ser facilmente removidos e limpos. “O controle da proliferação do Aedes aegypti deve ser feito por todos e por cada um, uma vez que 93% dos criadouros estão em residências e em comércios”, explica Souza. Isso significa que cada cidadão de Porto Alegre está convidado a olhar mais atentamente para sua residência já a partir do inverno. “É preciso relacionar o mosquito que voa com algum lugar da residência com água, onde foi colocado o ovo, a larva se desenvolveu, virou pupa e se transformou em inseto adulto alado transmissor de doenças” alerta o biólogo.
De acordo com os meteorologistas do Sistema Metroclima, os efeitos do El Niño estão sendo sentidos desde o outono na cidade, e tendem a se intensificar entre agosto e setembro. Também é importante lembrar que o ano de 2012 registrou um inverno com temperaturas mais elevadas e que 2013 foi o ano com maior número de casos de dengue em Porto Alegre: 219 confirmados, sendo 150 autóctones e 69 importados.  

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