Dados atualizados sobre as doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti – zika, chikungunya e dengue – foram apresentados na quinta-feira, em audiência na Câmara
Representantes de órgãos do governo diretamente ligados ao combate do mosquito Aedes aegypti vieram à Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (19), para dar informações sobre os registros da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya no Brasil, além de apresentar as ações que estão sendo realizadas para prevenção dessas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
Eles participaram de audiência pública na comissão externa da Câmara que acompanha as ações de combate ao zika vírus.
Estatísticas
O representante do Ministério da Saúde, Rodrigo Frutuoso, informou que o órgão já notificou 1,1 milhão de casos prováveis de dengue de janeiro a maio deste ano, com índice 1,5% superior ao mesmo período do ano passado. Houve 240 mortes por dengue confirmadas, enquanto 539 estão sob investigação.
Quanto ao zika vírus, foram confirmados 49.821 casos neste ano, dos quais 3,8 mil em gestantes. Houve três mortes confirmadas e 56 têm a causa em investigação.
Os casos de microcefalia investigados e confirmados, desde o ano passado até agora, chegaram a 1.326 casos, com predominância no nordeste. Já em relação à febre chikungunya, o Ministério da Saúde tem mais de 15 mil casos confirmados.
Ações
Na audiência, representantes dos ministérios da Saúde, da Cidades, do Meio Ambiente e da Integração Nacional mostraram as ações multissetoriais integradas para combater o Aedes aegypti.
O representante do Ministério das Cidades, Gustavo Zarif, explicou que o foco das ações está no saneamento básico. “O Ministério das Cidades considera que todas as ações de saneamento básico possuem interferência direta ou indireta no controle do vetor Aedes aegypti. Há uma correlação clara de deficiências de saneamento com a proliferação do mosquito. O Aedes aegypti se adaptou. Em tempos de crise, eles deram um jeito: eles só colocavam os ovos onde havia água limpa; agora, não, eles se adaptaram e resolveram a questão da reprodução deles. E nós temos que nos adaptar às adaptações deles na questão do esgoto”, explicou.
Sabrina Andrade, representante do Ministério de Meio Ambiente, disse que o órgão tenta acelerar o fechamento dos lixões e as práticas de logística reversa com base na política nacional de resíduos sólidos (Lei 12.305/10). A intenção é garantir, sobretudo, a destinação correta de embalagens que acumulam água e facilitam a propagação do Aedes aegypti.
No Ministério da Saúde, uma das metas foi ampliar a visitação aos imóveis para combater o mosquito. “O programa nacional tem preconizado visitas aos imóveis a cada dois meses. Então, nós mudamos para visitações mensais, para que a gente pudesse causar impacto no período de maior transmissão da doença no País. Hoje, nós resgatamos o fortalecimento da intersetorialidade e da co-responsabilidade do combate ao Aedes entre diversos entes”, afirmou Rodrigo Frutuoso.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) comandou a audiência pública e elogiou as ações integradas. “Podemos ter uma potência maior da nossa atuação, como Estado brasileiro, quando atuamos de forma organizada e planejada. Acho que estamos criando um lastro importante para prevenir futuras epidemias, mas, no momento atual, já estamos tendo resultados também. Em momentos anteriores, em 2015 e 2014, a dengue se manteve por muito mais tempo no País. E isso já é um elemento positivo para o nosso relatório final”.
Os relatórios setoriais de acompanhamento das ações de prevenção ao zika vírus estão a cargo dos deputados Mandetta (DEM-MS), Carmem Zanotto (PPS-SC) e Reginaldo Lopes (PT-MG).
A comissão externa era coordenada pelo deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que assumiu o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário no governo do presidente da República interino, Michel Temer. Na próxima terça-feira (24), a comissão vai se reunir para escolher novo coordenador.