A Câmara Técnica (CT) sobre Produtos e Técnicas em Procedimentos Estéticos do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta quarta-feira (13) uma nota de alerta sobre a oferta de uso (e o eventual uso) de células-tronco em procedimentos estéticos. Os membros da Câmara consideram que o tema tem causado equívocos, necessitando de esclarecimentos para maior garantia de pacientes e profissionais.
Segundo os especialistas, no campo da estética muitos dos procedimentos anunciados como sendo baseados no uso de células-tronco consistem em aplicação de enxerto de gordura lipoaspirada, supostamente “enriquecida” com uma porção de células-tronco, para finalidades diversas – gerar volume ou promover o rejuvenescimento de determinada área, por exemplo.
“Este método tem sido apresentado em eventos de cirurgia plástica, mas não há consenso sobre sua validade – trata-se de variação do já conhecido enxerto de gordura, praticado há 20 anos, e não há dados consistentes sobre a existência de células-tronco no material”, diz o alerta.
“Há hoje especialidades médicas, organizadas em torno de ‘sociedades’ ou ‘associações’, que oferecem tratamentos com células-tronco como solução para múltiplos problemas de saúde, inclusive estéticos. Algumas dessas entidades utilizam nomes estrangeiros para sugerir credibilidade ou para ‘vender’ aos médicos treinamento em técnicas pseudo-científicas”, afirma a médica Wanda Elizabeth Massiere, membro da Câmara. “Nós recomendamos cautela”, completa.
De acordo com o coordenador da Câmara Técnica, conselheiro federal Antônio Pinheiro, ainda não há respaldo científico sobre a efetividade e a segurança do uso clínico das células. Os membros da CT defendem a posição de que é preciso aguardar a conclusão de estudos clínicos conduzidos por pesquisadores que observam normas éticas e científicas específicas.
“Não há possibilidade de uso dessas terapêuticas em clínicas privadas. O CFM considera experimentais as terapêuticas que estejam passando por qualquer das fases de pesquisa previstas nas normas do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Além disso, o uso de células-tronco é condicionado ao cumprimento de normas bioéticas mínimas e, por isso, os procedimentos dependem de aprovação por comitês de ética”, afirma Pinheiro.
“O potencial terapêutico e as perspectivas do uso das células-tronco adiposas são altamente promissores para a medicina regenerativa. Mas não devemos nos esquecer que a experimentação animal e o uso de métodos de imagem in vivo são essenciais para a segurança e a eficácia desses procedimentos. As grandes expectativas relacionadas ao uso dessas células não justificam a eliminação dessas importantes etapas na área da pesquisa médica”, explica Lydia Mazako Ferreira, membro da CT.
Leia abaixo a íntegra da nota:
NOTA DE ALERTA
A Câmara Técnica sobre Produtos e Técnicas em Procedimentos Estéticos do Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda aos médicos cautela na divulgação de uso de células-tronco em procedimentos estéticos.
Muitos dos procedimentos anunciados como sendo baseados no uso de células-tronco consistem em aplicação de enxerto de gordura lipoaspirada, supostamente “enriquecida” com uma porção de células-tronco, para finalidades diversas – gerar volume ou promover o rejuvenescimento de determinada área, por exemplo.
Este método tem sido apresentado em eventos de cirurgia plástica, mas não há consenso sobre sua validade – trata-se de variação do já conhecido enxerto de gordura, praticado há 20 anos, e não há dados consistentes sobre a existência de células-tronco no material.
O CFM considera experimentais as terapêuticas que estejam passando por qualquer das fases de pesquisa previstas nas normas do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vinculado ao Conselho Nacional de Saúde (CNS). Assim, não há possibilidade de uso, em clínicas privadas, de terapêuticas que envolvem células-tronco.
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