Relatos e modelos de trabalho foram apresentados por especialistas em uma iniciativa da AMRIGS
A pandemia transformou completamente a principal porta de entrada no SUS, considerado o ponto de atendimento inicial da população em qualquer situação de saúde. A chamada atenção primária foi remodelada diante dos casos crescentes e frequentes de pacientes com sintomas respiratórios. No início do ano de 2022, com o avanço da variante Omicron, aumentou sensivelmente o movimento nas unidades de saúde de Porto Alegre. Em locais como o Hospital Divina Providência, houve aumento de 86% nos atendimentos por síndrome gripal na emergência. Outros três hospitais de Porto Alegre – Nossa Senhora da Conceição, Clínicas e Moinhos de Vento – também registraram este aumento de atendimentos de pacientes com síndrome gripal.
Em uma iniciativa pioneira, a Associação Médica do Rio Grande do Sul em parceria com a Associação Gaúcha de Medicina de Família e Comunidade trouxe a temática das demandas represadas, contribuindo com modelos e exemplos que estão sendo aplicados em diversas unidades de saúde. O objetivo da aula virtual foi dar suporte aos médicos de atenção primária que precisam reorganizar as rotinas de atendimento para dar conta da demanda da nova onda da variante Ômicron no sistema de saúde.
A definição objetiva de prioridades e a importância da organização dos processos de trabalho foram destacadas pelo médico de Família e Comunidade, epidemiologista e médico do Grupo Hospitalar Conceição, Lucas Wolmann.
“Os pacientes sintomáticos respiratórios são prioridade, mas estamos tentando dar conta das outras demandas. É preciso olhar para a capacidade de atendimento de cada unidade. A enfermagem clínica tem sido muito atuante e é importante pensar que tipos de demandas ela pode auxiliar”, disse.
Em sua abordagem, o médico lembrou que a sobrecarga e grande procura de pacientes por atendimento cria um cenário que não está localizado no Rio Grande do Sul ou no Brasil, mas é amplo e global.
“Estamos em uma situação de serviços ambulatoriais lotados e tendo de lidar com a ausência de profissionais de saúde afastados porque estão sendo contaminados. Então, é preciso compreender que não será possível atender a todos. Aquelas situações que são menos prioritárias precisarão ser alocadas para um pouco mais adiante”, completou Lucas.
O médico de Família e Comunidade, epidemiologista e integrante da equipe de teleconsultoria do TelessaudeRS e professor substituto da UFRGS, George Mantese, detalhou a organização baseada em alguns princípios fundamentais. Um deles é a porta de entrada específica para sintomático respiratório. Outro cuidado é a proteção dos profissionais de saúde. Por fim, a garantia dos cuidados aos pacientes não-COVID-19 durante a pandemia.
“Neste período aprendemos a valorizar a importância da tecnologia. A partir do implemento de uma série de ações envolvendo recursos tecnológicos, conseguimos usar os recursos humanos de uma maneira mais eficaz”, disse.
A médica de Família e Comunidade e diretora de Ensino da AGMFC, Camila Scheffel, também destacou os ganhos com a tecnologia. A telemedicina, neste cenário, foi uma aliada importante.
“A ferramenta do WhatsApp, por exemplo, cumpriu um papel importante na pandemia, nos permitindo conversar com as pessoas, diminuindo a sobrecarga nos pontos de atendimento e apoiando a população. Não acho que todas as consultas precisam, necessariamente, passar pelo médico. Dedicar o médico a casos menos graves poderia nos impedir de prestar um atendimento mais qualificado para alguém que esteja precisando”, disse.
A moderação foi do presidente da Associação Gaúcha de Medicina de Família e Comunidade, João Henrique Kolling.
A iniciativa faz parte do objetivo da AMRIGS em promover a ciência e o debate de temas da atualidade, a fim de contribuir na qualificação profissional e melhoria da saúde dos gaúchos.
Fonte: Marcelo Matusiak
Foto: Reprodução de imagem/AMRIGS
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