Entre as tantas dificuldades que percebemos na rotina dos profissionais da área médica, uma delas é a falta de estrutura nos postos de atendimento. Não são raros os apelos para que pacientes com menor gravidade busquem nas UPAs, o atendimento que amenizaria um grave problema, que é a superlotação das emergências médicas. No entanto, o que percebemos na prática, é uma enorme dificuldade dos órgãos públicos fortalecerem essas estruturas.
Recentemente tivemos a notícia de que doze UPAs estão paradas no Rio Grande do Sul por absoluta falta de recursos. Não aceitamos que essa situação persista. São obras concluídas, mas que não estão em funcionamento. De acordo com levantamento da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), Alvorada, Cachoeira do Sul, Camaquã, Carazinho, Caxias do Sul, Frederico Westphalen, Ijuí, Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo, São Borja, Três Passos e Uruguaiana são os municípios que estão com as obras das UPAs terminadas, mas nunca foram inauguradas, por falta de verbas. Se estivessem em funcionamento, essas unidades atenderiam nada menos do que dois mil pacientes por dia.
As prefeituras reclamam que não têm dinheiro para manter as unidades e tampouco para equipá-las. Culpa de um sistema controverso no qual foi transferida para o município a responsabilidade dos serviços de saúde, porém sem a mesma proporção de transferência de recursos financeiros. Diante desse quadro, administrações municipais estão receosas de inaugurar suas estruturas, o que viria a onerar os cofres com custo de manutenção de equipamentos e salários de servidores. Tanto o Governo Estadual quanto o Ministério da Saúde explicam que, de acordo com a legislação, o início da transferência de recursos está condicionado ao início do funcionamento da unidade. É mais do que urgente a solução desse impasse entre as esferas públicas, para que tenhamos condições mais dignas de atendimento à população, já carente de atendimento médico em diversos municípios gaúchos.
Alfredo Floro Cantalice Neto
Presidente da AMRIGS
