Entidade acredita que formação, não reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Ministério da Educação (MEC), prejudica profissionais da saúde e população
A oferta irregular de programas de pós-graduação lato sensu para qualificação médica, também chamadas de semi-residências, é uma notícia repudiada pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). O diretor do Exercício Profissional da entidade,
Jorge Utaliz Guimarães Silveira, afirma que este tipo de formação não pode ser disponibilizado aos profissionais de saúde.
Diretor do Exercício Profissional da
AMRIGS, Jorge Utaliz
– É uma desagradável surpresa observarmos a existência de um curso, oferecido por um grupo educacional da região Sul do Brasil, que compromete a qualidade do atendimento médico. Programas de Residência somente são homologados pelas associações médicas de especialidades. Entidades que oferecem especialização em todas as áreas são auditadas anualmente para garantir que os profissionais se formem de acordo com os critérios exigidos – expõe Utaliz.
Com relação à não exigência de que o aluno tenha formação médica, o diretor da AMRIGS afirma que o fato prejudica o acadêmico e a população.
– A informação que tivemos é que estão oferecendo para outras categorias da saúde, como farmacêuticos, enfermeiros, para que façam residência em alguma especialidade, porém, eles não poderão exercer a especialidade, pois o título de especialista somente é homologado pela Associação Médica Brasileira (AMB) – explica Silveira.
Embora a instituição afirme em seu portal que os cursos são reconhecidos pelo
Ministério da Educação (MEC), a informação não é verdadeira, visto que o órgão não reconhece o lato sensu como título formal, de acordo com a assessoria do MEC.
A apresentação do programa no portal da instituição informa, ainda, que os concluintes devem registrar o seu certificado de conclusão e realizar a prova de títulos nas sociedades ligadas à
Associação Médica Brasileira (AMB), outra informação inverídica. De acordo com a AMB, as associadas possuem uma lista de credenciados, na qual a instituição de ensino que está propondo a semi-residência não se encontra. Além disso, a entidade afirma que a semi-residência não existe.
Para o diretor da AMRIGS, é preciso investigar como a instituição de ensino consegue operacionalizar este tipo de formação. Jorge Utaliz entende que cabe aos conselhos de medicina avaliarem esta questão.