NOTA CONJUNTA | Crise do IPE Saúde e desassistência de pacientes oncológicos

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NOTA CONJUNTA | Crise do IPE Saúde e desassistência de pacientes oncológicos

Diante da atual crise do IPE Saúde com seus credenciados, motivada a partir da imposição de novas regras e modelos insustentáveis de relação, a Associação Gaúcha de Oncologia Clínica, a Associação Médica do Rio Grande do Sul e o o Departamento de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular da AMRIGS manifestam enorme preocupação quanto à desassistência de um sem-número de usuários, em especial os que necessitam de tratamento contra o câncer.

Há muitos anos, a atividade médica, principalmente a ligada ao tratamento de pacientes com câncer, tem sido cerceada por parte do IPE Saúde através da publicação do seu manual “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas em Oncologia”. As pretensas Recomendações Técnicas do IPE Saúde jamais foram debatidas de forma clara e aberta com médicos da área ou qualquer Sociedade Científica. Elas vão contra as melhores evidências para o tratamento do câncer e impõem, de forma unilateral, a adoção de tratamentos defasados. Mesmo na sua última atualização em março de 2024, grande parte dessas recomendações não está em conformidade com as melhores evidências científicas e, de forma intencional, expõem os usuários a subtratamentos ou a impossibilidade de receber qualquer tipo de terapêutica. Diante destes fatos, muitos pacientes são obrigados a seguir a via morosa e custosa da judicialização.

Além disso, a partir da implantação desse novo modelo, iniciado em 1º de abril de 2024, os processos de solicitação e de autorização de tratamentos, por meio eletrônico, organizado e administrado pelo próprio IPE Saúde, têm apresentado diversos erros, que estão inviabilizando a assistência oncológica de milhares de pacientes. Nas últimas semanas temos acompanhado estarrecidos e impotentes a não autorização de inúmeros tratamentos, prejudicando tanto os usuários que já estavam em tratamento quanto os que necessitam iniciá-los. Cabe salientar que a interrupção ou atraso de uma terapia oncológica pode representar a diferença entre a vida e a morte.

Esse modelo tem imposto, de forma irresponsável, uma relação que obriga que os hospitais e clínicas de oncologia não consigam dar continuidade ao atendimento e tratamento de pacientes com câncer.

É imperativo que a sociedade tenha conhecimento que as dificuldades aos usuários do IPE Saúde aumentaram devido às situações criadas nos últimos tempos, principalmente pela falta de gestão, de transparência e de diálogo com os usuários e prestadores de serviços.

Não podemos aceitar, como sociedade organizada e com amplo acesso ao conhecimento, que realizemos em nossos pacientes tratamentos antiquados e sabidamente menos eficazes sob a prerrogativa do “controle de gastos”.
Lamentamos que até hoje muitos usuários não tenham tido acesso à verdade, tampouco conseguem exigir um adequado acesso aos seus tratamentos.

Tememos pela saúde dos usuários, pois estamos nos aproximando da maior catástrofe em saúde já vista no Estado do Rio Grande do Sul. Caso o IPE Saúde não reveja sua posição, haverá pedidos de descredenciamento em massa e todos os seus usuários terão de acessar o SUS, sobrecarregando ainda mais os cofres públicos.

É muitíssimo importante que essas questões sejam abordadas por toda a sociedade e pela classe médica prontamente, para garantirmos a continuidade do atendimento de qualidade a todos os usuários do IPE Saúde.

É necessário um diálogo aberto e transparente para que todas as vozes envolvidas – pacientes, sociedades e prestadores, inclusive – sejam ouvidas. Sugerimos intervenções urgentes com o objetivo de dar continuidade adequada aos cuidados e aos atendimentos médicos e hospitalares dos quase 1 milhão de beneficiários do IPE Saúde. Caso contrário, uma onda de descredenciamento em massa de hospitais, clínicas e médicos ocorrerá!

ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE ONCOLOGIA CLÍNICA
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE HEMATOLOGIA, HEMOTERAPIA E TERAPIA CELULAR DA AMRIGS

12 respostas

  1. Sou moradora de Novo Hamburgo,fui obrigada e ter o saúde Pas, porque pelo Ipê Saúde,não temos hospital credenciado pelo Ipê,assim como pouquíssimos médicos credenciados…uma lástima

  2. Lamento muito esta situação. Somo descontados todos meses com quantias absurdas. Para onde vai este valor.?
    Os profissionais da saúde são extremamente mal remunerados e as clínicas e hospitais explorados.
    Onde estão os nossos políticos que nada fazem?

  3. Um absurdo, um descaso e uma IRRESPONSABILIDADE de um governicho mentiroso, que NÃO faz a sua parte em todo o processo, contribuindo como empregador dos atuais servidores e responsável pelo que dedicaram suas vidas ao serviço público, muitos doando inclusive suas próprias vidas, na esperança de que seus dependentes estivessem protegidos, como foi até pouco tempo…
    Nestes últimos seis anos, o algoz do serviço público conseguiu destruir cinicamente um sistema que cumpria o seu papel de proteção em saúde, e passou a impor um sacrifício ainda maior aos segurados…e parece que não basta…

  4. Impressionante que tenhamos chegado neste estágio de abandono e descaso com nosso Ipê, que tão bem atendia seus segurados … os servidores já estão dando sua cota de contribuição, inclusive eu saí da assistência médica do Ipe depois de quase 48 anos, estando em plano similar aqui em SC (Clinipam) e pagando perto da metade que passou a ser cobrado pelo Ipe. Não sou contra ao ajuste de valores, mas que garantem o atendimento dos usuários, sem esquecer que há categorias que tem garantida sua assistência médica pelo Estado, que virou suas costas tanto na área da saúde quanto na previdência, como é o caso dos servidores militares que têm o RS como o Estado com as maiores alíquotas de contribuição e isto tudo devemos a este desgoverno Leite.
    Parabéns, em especial, aos eleitores da segurança pública, que apoiaram pedindo votos ou que votaram neste mau administrador.

  5. Acredito que esta nota será publicada na imprensa do RS.
    Infelizmente a corda esticou tanto que vai arrebentar e atingir prestadores e usuários.
    Estes migrarão para o SUS.
    O argumento que o IPE dá como falta de verba etc não interessa a nós, nem aos usuários. Se o caso é este que o Poder Executivo libere verbas como faz em tantos outros casos. Se o Governo Estadual e o IPE resolveram dar assistência médica, que o façam. Na realidade o problema é deles e não dos prestadores e, muito menos, dos usuários, cuja contribuição não é pequena.

  6. Sugiro que essa nota conjunta seja encaminhada à Assembleia Legislativa, para que os nossos “representantes”, analisem o assunto e parem de aprovar tudo que o governo se explique ou que instalem uma CPI referente.

  7. Precisamos urgente que nosso governo Eduardo Leite interfira e faça valer o que tanto divulga sobre a transparência da sua gestão. Que ajude o seu povo que depende o IPE saúde!!

  8. Isso tem que ser lido também pelo governador Eduardo Leite que é o maior responsável pelo qye está ocorrendo com i ipe. Sem a reposição da inflação nos salários há quase 10 anos, sendo 6 nesta gestão, além de aumentar a alíquota e ainda cobrar dos dependentes, não consegue gerir corretamente os recursos. Está sufocando o funcionalismo público e tirando o acesso à saúde. Um caos completo.

  9. Concordo que haja diálogo envolvendo TODAS as partes, também transparência do arrecadamento e gastos do IPE Saúde. Há descontos mensais nos salários dos usuários, inclusive com aumento, desde outubro/23. Quem é responsável pelos desmandos que levarão ao não tratamento do câncer e consequentes óbitos que virão a acontecer? Necessária é uma séria investigação a respeito dos fatos acontecidos nos últimos anos.

  10. Há tempos, falo da necessidade de haver uma sindicancia no IPE saúde. Sempre faço a mesma pergunta: para onde estão indo os recursos financeiros do IPE saúde? O desconto nos nossos contracheques nunca foi interrompido; somos milhares de funcionários de todas as secretarias, mais poder judiciário , ativos e inativos. Portanto a arrecadação para o IPE saúde deve atingir altíssimos valores. Então como se explica: falta de pagamento aos hospitais, médicos clínicas e imposição aos médicos de evitarem tratamentos modernos e eficazes, em pacientes com câncer. Quem é ou quem são os “algozes” que gerenciam as contas do IPE saúde? Alguém terá que responder por isso! É um abuso, um desrespeito e agora, a possibilidade de não termos mais atendimento em saúde. Vivemos nesse terrorismo constante da possibilidade de descredenciamento dos médicos, hospitais, clínicas,laboratórios…
    SOS!!! O IPE saúde é o único plano que ainda temos condições de pagar. Professora estadual aposentada.
    Senhores deputados: investigação, sindicância, ou outra providência legal no IPE saúde.
    Assembleia Legislativa

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