AMRIGS e demais entidades médicas cobram valorização da categoria em atendimentos no IPE Saúde

Durante audiência na Assembleia Legislativa, AMRIGS apresentou propostas para qualificar o instituto

Em audiência realizada nesta terça-feira (28/02) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, entidades médicas gaúchas e representantes dos hospitais debateram a situação do IPE Saúde. A crise enfrentada pelo instituto que atende 1,1 milhão de pessoas preocupa profissionais da área da saúde e de instituições hospitalares que são credenciadas para prestar serviços médicos aos contribuintes do plano de saúde dos servidores estaduais.

Na reunião, o presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Dr. Gerson Junqueira Jr., defendeu, além da valorização dos profissionais médicos com honorários condizentes à realidade de mercado, a reforma do modelo de contribuição dos servidores públicos estaduais e seus dependentes.

“É impossível que apenas um 1/3 ou 1/4 contribuam para o IPE Saúde. A conta não fecha. Então essa questão precisa ser revista. E deve também ser colocada na discussão a participação das entidades médicas no Conselho de Administração do Instituto. Hoje são doze integrantes: seis do governo e seis dos servidores e as entidades médicas não fazem parte do Conselho e nem os hospitais”, enfatizou.

Além da AMRIGS, também compuseram a mesa de discussões da audiência presidida pelo deputado estadual Dr. Thiago Duarte, o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) Marcos Rovinski; o presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (CREMERS), Carlos Sparta; a conselheira federal pelo estado do Rio Grande do Sul no Conselho Federal de Medicina (CFM), Tatiana Bragança de Azevedo Della Giustina; o gastroenterologista, Guilherme Sander e o superintendente na Federação dos Hospitais Filantrópicos RS, André Lagemann.

Outro tema bastante discutido na reunião foi o projeto que está sendo criado pelo Palácio Piratini sobre o assunto. O governo do Rio Grande do Sul começou a elaborar um plano de reestruturação do IPE Saúde que será encaminhado para votação na Assembleia Legislativa. A previsão inicial do governador Eduardo Leite era enviar a proposta ao parlamento gaúcho em fevereiro, mas em razão da complexidade do tema, ainda não há uma data definida.

Segundo o deputado Thiago Duarte, uma audiência foi marcada para o dia 11 de março com o Chefe da Casa Civil, Artur Lemos. Entre os pontos defendidos pelo parlamentar a fim de que haja uma reestruturação do plano dos servidores é a valorização dos médicos. A defasagem de mais de oito anos sem reajuste nos valores dos procedimentos médicos foi unanimidade entre os representantes das entidades presentes no evento.

“A primeira questão que precisa ser abordada em relação à reestruturação do IPE Saúde são os honorários médicos. Temos relatos aqui nessa audiência de que o Instituto empregou menos de 10% no pagamento dos médicos. É um verdadeiro absurdo e isso contribui para degeneração do plano”, apontou o parlamentar.

O diretor Científico e Cultural da AMRIGS, Dr. Guilherme Napp, presente na audiência, acrescenta que há uma tentativa de responsabilizar os médicos pela crise no IPE Saúde, o que na avaliação do dirigente da entidade não corresponde à realidade.

“Se nós formos ver o gasto com honorários, é uma parte ínfima, de cinco a seis por cento do gasto do IPE. Então, nós temos que colocar isso pra sociedade e mostrar também que estamos preocupados com o servidor público. Nós não queremos que ele fique desassistido, mas não pode o médico subsidiar o atendimento pelo IPE porque ele é um trabalhador que precisa ser remunerado”.

Estiveram presentes também representantes de entidades ligadas à AMRIGS como a Sociedade de Oftalmologia do RS (SORIGS), Associação Médica de Canoas (Somédica), a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular RS (SBACV RS) e a Associação Médica de Gravataí (AMG).

Fonte: Airton Lemos
Fotos: Airton Lemos