Trânsito no Brasil mata mais de 30 mil pessoas por ano e traz sequelas visíveis e invisíveis para a sociedade

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Trânsito no Brasil mata mais de 30 mil pessoas por ano e traz sequelas visíveis e invisíveis para a sociedade

Ciclo de Palestras AMRIGS apresentou um panorama da saúde no trânsito no país, destacando os custos sociais dos acidentes e que grande parte dos óbitos e lesões graves são evitáveis

A alta incidência de acidentes de trânsito constitui um problema de saúde pública em todo o mundo, resultando em cerca de 1,3 milhão de mortes anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, mais de 3 mil pessoas perdem a vida no trânsito a cada mês e, por ano, mais de 300 mil ficam com lesões graves em razão dos acidentes.

Para debater o assunto no âmbito da saúde e abordar como os setores de ortopedia, traumatologia e urgência realizam os atendimentos às vítimas do trânsito, detalhando estatísticas e exemplos de casos clínicos, a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) promoveu nesta quarta-feira (28/09), seu Ciclo de Palestras AMRIGS, com o tema “Saúde no Trânsito”, em parceria com a Associação Brasileira de Medicina no Tráfego (ABRAMET) e a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional RS (SBOT RS).

A atividade foi mediada pelo presidente da SBOT RS, Dr. Marcos Paulo de Souza, que ressaltou a prevenção como o aliado mais importante para evitar óbitos e sequelas no trânsito, ainda que esteja no DNA dos médicos e profissionais da saúde cuidar de pessoas. Na abertura das palestras, o presidente da ABRAMET RS, Dr. Ricardo Hegele, pontuou que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) recentemente editou uma norma que modifica o termo de acidente de trânsito para sinistro, tendo em vista que acidente remete a casos fortuitos e que não podem ser impedidos.

De acordo com ele, no trânsito, a ampla maioria dos problemas são evitáveis, sendo que os principais fatores sinistros estão relacionados ao uso de álcool, excesso de velocidade, uso de celular e sonolência.
“São mais de 30 mil mortes por ano no trânsito brasileiro. Isso é mais do que muitas guerras. E muitas dessas vidas poderiam ter sido preservadas”, afirmou Hegele, salientando que, dos leitos de traumatologia dos hospitais do país, 62% são ocupados por vítimas de sinistros de trânsito.

Para comentar a rotina do atendimento de urgência em traumas oriundos do trânsito, o especialista em Traumatologia de Urgência, Walmor Weissheimer Junior, trouxe exemplos vividos diariamente no Hospital Cristo Redentor, unidade referência na área na Grande Porto Alegre. O médico explicou como ocorrem os procedimentos, desde a entrada do paciente até as cirurgias, passando pela triagem, direcionamento aos profissionais, níveis de urgência, protocolos e demais medidas, observando que fraturas expostas são as mais comuns nos casos vinculados ao trânsito.

“Não é qualquer hospital que consegue realizar esses atendimentos, pois são de alta complexidade. A equipe deve estar muito bem preparada, pois perder um ou dois minutos é questão de salvar ou não um membro corporal, uma função ou uma vida”, disse Weissheimer Junior.

Na sequência das apresentações, Dr. Rafael Noschang, integrante corpo clínico do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Mãe de Deus, alertou que, independentemente da faixa etária, os óbitos no trânsito representam a terceira causa de mortes prematuras no país, atrás apenas de doenças isquêmicas do coração e violência interpessoal. Além disso, na última década as internações hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito consumiram cerca de R$ 2,9 bilhões do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que, a cada 10 ocorrências no trânsito, 8 envolvem motocicletas.

“Os acidentes trazem sequelas visíveis, como lesões, fraturas, amputações, incapacidades e óbitos, assim como as invisíveis, que vão desde custos econômicos e previdenciários até distúrbios psicológicos e transtornos de estresse pós-traumático, muito difíceis de serem tratados”, elencou Noschang, sublinhando a relevância das campanhas de prevenção.

Fonte: Julian Schumacher
Foto: ASCOM AMRIGS 

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