O memorial comissionado pela AMRIGS, inédito no Brasil, foi erigido para registrar efeitos de um drama sem precedentes, que marca para sempre as nossas existências: a pandemia da COVID-19.O Memorial da Gratidão AMRIGS, criado pelo escultor Paulo Favalli, desvela-se nesse 16 de dezembro de 2021. Trata-se de um tributo da AMRIGS, em nome da sociedade, aos profissionais da saúde que estiveram no front de batalha e que, infelizmente, sem arrefecer a consciência do dever a cumprir, tombaram ante o vírus na missão de assistir e buscar a cura dos enfermos. Os profissionais da saúde mostraram e têm mostrado o seu valor ao colocarem-se em risco para salvar vidas. E o risco cobrou alto, ao perderem a vida no cumprimento do dever, médicos, enfermeiros, técnicos e toda a gama de profissionais de hospitais, clínicas e postos de saúde. Hoje, com este memorial, é o momento de prestarmos a todos eles a nossa homenagem especial, a nossa mais sincera gratidão.
A AMRIGS procurou não encomendar um monumento de feições habituais ou placa de metal com nomes em cipo de pedra. O Memorial da Gratidão AMRIGS escolhido pela entidade constitui-se de um processo artístico de extrema elaboração e complexa realização. Ergue-se assim, um marco de procedimentos de arte contemporânea com o uso de técnicas milenares, a fundição em bronze. O artista escolhido conduziu o seu projeto por cerca de um ano, pensando-o em sua linguagem artística própria, a partir de uma tradição escultórica de narrativa, em frontalidade que remonta do friso do Partenon, de Fídias, às Portas do Inferno de Rodin.
Cada um dos três painéis do Memorial da Gratidão AMRIGS representa uma fase da pandemia. O primeiro, A Morte, ilustra a perplexidade diante da tragédia, que chegou de forma rápida, invisível e avassaladora. O painel A Ciência nos mostra o desafio em combater um mal tão avassalador em tão pouco tempo. O terceiro painel é A Cura. Apresenta-se um mesmo paciente em duas fases: no doloroso tratamento e ao libertar-se dos tubos de respiração; o alívio, a cura. O elemento ao centro é uma médica, que traz uma das imagens icônicas da pandemia, a marca das máscaras nos rostos dos profissionais de saúde, cicatriz da rotina diária em mais de 20 de meses de luta ininterrupta. Em todos estes painéis, Paulo Favalli mostra a sua excelência como modelador, o seu domínio da figura humana e dos objetos.
José Francisco Alves
Doutor em História da Arte, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)
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