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Médico brasileiro vai comandar a Associação Médica Mundial

Defesa Profissional

O médico psiquiatra, Miguel Roberto Jorge, foi eleito para presidir a Associação Médica Mundial (WMA- World Medical Association). A eleição ocorreu durante a Assembleia Geral Anual da WMA, realizada no dia 6 de outubro, na cidade de Reykjavik, na Islândia. Miguel Jorge é atualmente 1º Tesoureiro da AMB e Presidente do Comitê de Assuntos Médico-Sociais da Associação Médica Mundial e no momento da eleição estava acompanhado pelos colegas de diretoria da AMB: Lincoln Lopes Ferreira, presidente; Eduardo Nagib Gaui, diretor de Relações Internacionais e José Luiz Bonamigo Filho, 2º. Tesoureiro, que também participaram da Conferência de Ética

O Jornal AMRIGS conversou com o médico a respeito desse novo grande desafio. Confira a íntegra da entrevista.

Jornal AMRIGS – Como foi o processo de eleição?

Miguel Roberto Jorge – Tivemos quatro candidatos inscritos para a eleição à Presidência 2019-2020 da World Medical Association, indicados por suas Associações Nacionais. Eu fui indicado pela Associação Médica Brasileira e os outros 3 candidatos pelas Associações Médicas do Canadá, da Nigéria e da Letônia. Os eleitores foram os delegados das Associações Médicas Nacionais (AMNs) que são filiadas à World Medical Association. São 113 AMNs filiadas à WMA e habitualmente cerca de metade delas comparecem às Assembléias anuais. Cada AMN tem o número de votos de acordo com o número de sócios declarados e pagos à WMA. Poucos minutos antes da votação, por uma questão não relacionada à eleição, a delegação do Canadá retirou-se da Assembléia e com isto ficaram 3 candidatos. Caso nenhum alcançasse maioria dos votos (50% mais 1), teríamos um segundo turno entre os dois mais votados mas, ainda que o resultado numérico nunca é divulgado pela WMA, eu fui eleito no primeiro turno (ou seja, tive pelo menos mais da metade dos votos).

Jornal AMRIGS – Como o senhor avalia a sua trajetória até a presidência da WMA?

Miguel Roberto Jorge – Em 2008, em meio a um mandato na Diretoria da World Psychiatric Association, eu fui convidado pelo Dr. José Luiz Gomes do Amaral para ser o Diretor de Relações Internacionais da AMB em seu segundo mandato à frente da Associação. Passei a assessorar os Presidentes da AMB nas reuniões da WMA e a participar ativamente de suas atividades, contribuindo para a elaboração de suas políticas e integrando alguns importantes Grupos de Trabalho, como aquele que revisou a Declaração de Helsinque. No início de 2015, o Dr. Florentino Cardoso, então Presidente da AMB, abriu mão de ocupar o assento da AMB no Conselho da WMA em meu favor, por reconhecer que o trabalho que eu vinha realizando me qualificava para concorrer à Coordenação de um dos dois Comitês mais importantes da WMA, o Comitê de Assuntos Médico-Sociais. Com efeito, em abril daquele ano, concorrendo contra um canadense, fui eleito para aquele cargo para um mandato de 2 anos. MInha relação com os membros do Comitê e particularmente com os assessores de relações internacionais de muitas AMNs, além da forma “bem brasileira” (tranquila e ao mesmo tempo eficaz) com que eu conduzia os trabalhos do Comitê, fez com que eu fosse re-eleito para um novo período de 2 anos, desta vez sem outro concorrente. A continuidade de minha dedicação e bom relacionamento com os colegas de países de todo o mundo, fez com que o Dr. Lincoln Ferreira, ao assumir a Presidência da AMB, me pedisse para continuar representando nossa Associação no Conselho da WMA. Assim, de forma natural, colegas de diferentes regiões do mundo, tanto representando países muito desenvolvidos com particularmente da América Latina e da Ásia, passaram a me procurar no ano passado, me estimulando a concorrer ao cargo de Presidente da WMA, o que redundou na minha eleição na Assembléia do dia 6 de outubro deste ano, em Reykjavik, Islândia.

Jornal AMRIGS – Quais são as principais propostas para o seu mandato?

Miguel Roberto Jorge – O cargo de Presidente da WMA não é um cargo executivo e sim de representação. A WMA tem um Secretário Geral, médico contratado para cuidar das atividades do dia a dia e um Presidente do seu Conselho (eleito), órgão que define as principais ações políticas da Associação. Cabe ao Presidente da WMA representá-la onde necessário for, participar da Assembléia Mundial da Saúde na sede da OMS e falar pela WMA aos órgãos de mídia. Durante o ano em que exercerei o cargo, devo eleger um tema a ser enfatizado, tema este que escolhi ser A Relação Médico-Paciente. Creio que minha experiência como psiquiatra e psicoterapeuta, já tendo atuado em diversas sindicâncias junto ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, e vendo como esta relação hoje em dia está comprometida pela preocupação dos médicos com aspectos mais tecnológicos da Medicina, pelo exíguo tempo que muitas vezes podem dedicar a cada paciente e trabalhando em condições absolutamente desfavoráveis de trabalho, resultaram em uma enorme perda de qualidade naquilo que temos de mais fundamental no exercício da Medicina: a confiança e reconhecimento de nossos pacientes.

Jornal AMRIGS – Qual é a importância de representar a entidade e quais iniciativas acredita que podem contribuir para a medicina brasileira?

Miguel Roberto Jorge – O fato de, em um intervalo de menos de uma década, termos um brasileiro na Presidência da WMA, certamente demonstra um reconhecimento da Medicina brasileira e da dedicação com que nossos líderes tem contribuído para as atividades da WMA, representando os interesses não apenas dos médicos brasileiros como também servindo de porta-vozes de realidades muito diferentes daquela encontrada em países mais desenvolvidos. Creio que poder trazer maior diversidade para a Diretoria da WMA, como único membro de um país ao sul do Equador, é uma enorme responsabilidade e desafio.

Fonte: Ascom AMRIGS

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