Violência contra o médico: no CFM, pediatras analisam os diferentes aspectos desse problema

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Violência contra o médico: no CFM, pediatras analisam os diferentes aspectos desse problema

A exposição do pediatra à violência no ambiente de trabalho foi o tema norteador de debates no IV Fórum de Pediatria do Conselho Federal de Medicina (CFM). 
 
Os palestrantes da primeira mesa redonda apresentaram levantamentos que apontam altos índices de violência contra médicos e pediatras em todo País. Um deles, foi o estudo realizado pelo Instituto Datafolha, a pedido da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que revelou a percepção desses especialistas sobre o tema. De acordo com o levantamento, três em cada 10 pediatras afirmam que sofrem com frequência situações de violência no trabalho.
 
Por sua vez, o presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Claudio Barsanti, abordou os aspectos jurídicos da questão da violência. Ele destacou duas pesquisas realizadas com médicos de São Paulo que apontaram que mais de 60% dos entrevistados sofreram algum tipo de violência no ambiente de trabalho mais de uma vez e, em torno de 20%, pelo menos uma vez.
Causas – Para Barsanti, as principais causas dessa violência são a demora no atendimento, discordância quanto às condutas e a deterioração da relação médico-paciente.  “Há um aumento de sensação de insegurança, medo e queixas de agressões em todo Brasil. É incompatível com a missão de médicos o convívio com a violência sob qualquer forma”, alertou.
 
O organizador do encontro e coordenador da Câmara Técnica de Pediatria do CFM, conselheiro Sidnei Ferreira, apontou que a violência que se instaurou nas unidades públicas de saúde e também em serviços particulares reflete os dilemas atuais vivenciados pela sociedade brasileira. Na sua avaliação, o problema tem se agravado em virtude, principalmente, da falta de políticas públicas e da corrupção.
 
“As precárias condições de trabalho às quais os médicos são submetidos, diariamente, acarretam problemas como longas filas e sobrecarga de atendimentos em unidades de urgência e emergência o que torna impossível uma boa relação médico-paciente. Por outro lado, os dados oficiais mostram que mais de 174 bilhões deixaram de ser aplicados na saúde nos últimos 15 anos”, destacou ao citar a incopentência dos gestores em dar seguimento às medidas necessárias para a melhoria dos serviços de saúde e das ações de segurança.
 
Ferreira ainda defendeu ser preciso adotar medidas que assegurem aos profissionais tranquilidade para o exercício de suas funções. “O pediatra está na linha de frente da assistência. Se o paciente não consegue acesso ao atendimento e tratamento, é esse especialista que recebe as consequências do descontentamento da população contra o sistema tão frágil e deficiente. Precisamos de medidas urgentes, o que inclui a urgência de medidas que garantam segurança física e emocional e boas condições de trabalho, cuja ausência induzem a situações de stress e embates desnecessários”, disse.
 
Ele ainda lembrou que os Ministérios da Saúde e da Segurança Pública, bem como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), foram instados pela SBP a providenciar medidas que assegurem maior proteção aos profissionais que fazem atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), serviços de urgência e emergência (prontos-socorros e UPAs) e hospitais.
 
Como proposta de prevenção, o conselheiro Donizetti Giamberardino Filho, diretor do Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba, PR), defendeu a adoção de uma postura que valorize a solidariedade entre todos os que sofrem o impacto da violência nos ambientes de atendimento. “Nós temos que nos defender de qualquer violência, mas juntamente com os pacientes. Precisamos construir propostas de mãos dadas com nossos pacientes”.

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