Reduzir a histórica fila de espera por consultas médicas especializadas no Rio Grande do Sul é um desafio que o governo do Estado resolveu enfrentar. Um convênio da Secretaria da Saúde com o TelessaúdeRS, projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e financiado pelo Ministério da Saúde, está mudando esta realidade. Os números mostram isso: em janeiro de 2015, 170 mil pessoas esperavam por consulta com especialista. Em novembro deste ano, a fila caiu para 61 mil.
Neste período, foram feitos 70 mil atendimentos por meio de teleconsultoria e telediagnósticos entre o grupo de médicos e enfermeiros do Telessaúde e os profissionais da atenção da básica. “Então, qualquer médico que trabalha no posto de saúde, que quer saber como manejar uma doença, a dose de um remédio ou discutir o resultado de um exame, pode ligar para este serviço por um telefone 0800 e solucionar suas dúvidas”, explica o gerente de Teleconsultoria do Telessaúde RS, Natan Katz.
O secretário da Saúde, João Gabbardo, afirma que a prioridade é melhorar o acesso das pessoas aos serviços de saúde. “Mesmo com crise, com gestão, criatividade, parcerias e novas tecnologias, podemos entregar melhores serviços à população”.
Por meio do convênio RegulaSUS, os profissionais do Telessaúde analisam a lista de espera de uma especialidade fornecida pela Central de Regulação da Secretaria da Saúde. “A gente consegue reduzir de 40% a 70% o tamanho da fila”, afirma Natan Katz. Um exemplo é a fila para uma consulta com um endocrinologista: em 2013 tinha quase 9 mil pacientes na espera. Hoje, são 1,2 mil. O tempo de espera para ser atendido por um nefrologista era de 18 meses em 2014. Hoje cai para 2 meses. Atualmente, as especialidades com maior demanda reprimida e tempo de espera são: cirurgia bariátrica, urologia, ortopedia e oftalmologia.
Estância Velha
Após uma teleconsultoria com o médico de Família e Comunidade do Telessaúde, Rudi Roman, a colega da USF Rincão dos Ilhéus I de Estância Velha, Fabiane Tomassoni, encaminhou o caso da costureira de sapatos aposentada Cristina Leni Furth, 54 anos, que sofre de ardência na língua, para especialidade de Medicina Interna.
“O Regula SUS tem beneficiado os pacientes e o meu trabalho, porque recorro ao telefone para discutir muitos casos antes de chegar a lista de espera. Então eles me ajudam a complementar o diagnóstico com a solicitação de exames para que realmente os pacientes tenham tudo pronto para quando forem chamados para consulta com o especialista. Isso se eu não conseguir resolver aqui no posto mesmo”, comenta Fabiane.
A costureira Cristina esperava desde 2013 por uma consulta com um reumatologista. Depois de receber o novo encaminhamento, conseguiu atendimento em dois meses. “Agora estou bem melhor. Andava muito nervosa esperando por uma consulta. Até que a doutora Fabiane me encaminhou para Medicina Interna. Aí, consegui a consulta em dois meses e hoje me trato Porto Alegre, na Santa Casa”, relata Cristina.