Diariamente, mais de dez mães de bebês prematuros do Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos aplicam o método Mãe Canguru para aumentar o vínculo materno e estimular o desenvolvimento completo do bebê. O método é uma alternativa ao cuidado neonatal convencional para bebês de baixo peso e se constitui um tipo de humanização feita no contato pele a pele entre mãe e neném, que além de aproximá-los, incentiva o aleitamento materno, reduz crises de refluxo, evita sufocamentos e infecções hospitalares.
Nem toda mãe pode colocar o filho em posição canguru. A coordenadora de Enfermagem do Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, Deílza Sousa, explica que para que o método seja eficiente, é necessário que o bebê tenha condições clínicas estáveis, principalmente em relação à respiração. “O neném não pode apresentar quadro clínico instável nem vias aéreas obstruídas, pois a posição não pode incomodá-lo de alguma forma”, esclareceu Deílza.
A terapeuta ocupacional Talita Padilha afirma que, além das vantagens afetivas, o método reduz o tempo de permanência da criança na incubadora e ocorre uma elevação na resistência imunológica. O contato com o corpo da mãe promove a manutenção dos níveis adequados de temperatura corpórea, acelera o desenvolvimento sensorial, estimula o aleitamento materno, favorecendo maior frequência, precocidade e duração da amamentação, e ainda, proporciona maior competência da mãe no manuseio do seu filho de baixo peso.
Como funciona”
O Método “Mãe Canguru” é muito mais do que a posição vertical em que o bebê prematuro permanece “amarrado” ao corpo da mãe. Este tipo de humanização oferece ao bebê uma vivência da passagem da vida uterina para a extrauterina, aumentando muito o vínculo entre pais e bebê, ocasionando diversos benefícios ao bebê. A primeira etapa ocorre quando o bebê ainda está internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo). Os pais devem ter livre o acesso à UTI Neo e serem possibilitados a manter o contato físico com o seu bebê, isto é, serem estimulados pela equipe hospitalar a tocarem seu bebê, que está dentro da incubadora.
Na segunda etapa, a mãe passa 24 horas até o dia da alta do bebê sob orientação de uma equipe médica multidisciplinar. A equipe do Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, sob gestão do Instituto Acqua, é formado por enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos, que dão todo suporte ao colocar a criança na posição e após este processo, conversam com a mãe sobre os primeiros cuidados na hora do banho e na hora de dormir do bebê. Na terceira etapa do “Mãe Canguru”, qualquer familiar próximo pode realizar o método com a criança.
Rejane Castro, mãe do pequeno Jadson Castro, de apenas 20 dias, avalia o método como prazeroso e benéfico para a saúde do seu bebê. “Meu filho melhorou a respiração assim que comecei a colocá-lo na posição canguru, pretendo continuar praticando esta posição, que deixa meu bebê confortável, seguro e bem fisicamente”, disse a mãe.
Já Gisélia Fonseca, mãe de Artur com 22 dias, comemora o ganho de peso após aplicar o método durante dez horas seguidas. – Ele ganhou 200 gramas com a utilização do método, isso já é uma vitória. Quero que ele ganhe mais peso e possa sair o quanto antes do hospital -, afirmou.
Duração da posição canguru
Durante o procedimento, o bebê é mantido na posição Canguru até que mãe e bebê se sintam bem. O comum é manter o método até o bebê atingir 2 quilos ou até quando seria a data provável do parto. É o momento em que ele começa a ficar agitado, a subir pela mãe e a suar. É como se estivesse na hora de nascer mesmo, dentro de uma gestação completa. É a hora em que o bebê -avisa- que deixou de ser um canguruzinho.
Origem do método
O método Mãe Canguru foi idealizado e implantado de forma pioneira por Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez em 1979, no Instituto Materno Infantil de Bogotá, Colômbia, e denominado Mãe Canguru devido à maneira pela qual as mães carregavam seus bebês após o nascimento, de forma semelhante aos marsupiais.
Mãe Canguru foi criado com o objetivo de dar alta precoce para recém nascidos de baixo peso, naquele contexto frente a uma situação crítica de falta de incubadoras, infecções cruzadas, ausência de recursos tecnológicos, desmame precoce, altas taxas de mortalidade neonatal e abandono materno.
