O período destinado à Tribuna Popular desta segunda-feira (30), na Câmara Municipal, foi ocupado pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. O assunto tratado foi o projeto Visibilidade Zero para Álcool e Cigarros.
O representante da Santa Casa, Luiz Carlos Corrêa da Silva, destacou que a notória visibilidade do álcool e do cigarro levam, hoje em dia, diversos jovens a beberem e a fumarem. “Estamos cansados de ficar esperando que aconteça algo para parar os graves danos à saúde e à sociedade que o álcool e o cigarro trazem”, disse.
Silva ressaltou que, atualmente, pode parecer uma utopia conseguir banir a visibilidade dessas duas drogas da sociedade, contudo, com o empenho de todos, será uma oportunidade de rever conceitos sociais. “Tenho certeza de que os vereadores desta Casa estão focados na melhoria das vidas dos cidadãos, e os ambientes sem fumaça de cigarro servem para mostrar que o fumo passivo também causa danos”, lembrou. Ele destacou que, assim como usar cinto de segurança evita acidentes e danos maiores, acabar com a publicidade do álcool e do cigarro irá diminuir seus adeptos.
“A sociedade passa por fases e se desenvolve de forma ajustada. Se nós comprovarmos que um caminho é melhor que outro, lembrando que, a cada ano, morrem 6 milhões de pessoas por causa de doenças associadas ao tabagismo, seremos ouvidos pela sociedade e acabaremos com a visibilidade dessas drogas”, ressaltou.
Silva afirmou que, no Brasil, há mais ex-fumantes do que fumantes, pois existem diversos programas em andamento contra o tabagismo. Ele ressaltou que o fim das propagandas ostensivas de cigarro e bebidas alcoólicas deve ser almejado por todo o cidadão. “Sou da área da saúde e estou tentando trazer a ideia de que o setor político da cidade de Porto Alegre deve repensar o caminho que devemos seguir. Sabemos que o fim da visibilidade do álcool e do cigarro envolve múltiplos interesses, mas nós não podemos deixar que o setor econômico intervenha na nossa saúde e no nosso destino”, concluiu.
Retirar visibilidade
O médico Mauro Kwitko ressaltou que é possível transformar Porto Alegre na primeira cidade do Brasil a tornar invisível, aos olhos dos cidadãos, o álcool e o cigarro. “Ninguém entra no supermercado e enxerga uma prateleira de maconha ou de cocaína. Devemos retirar a visibilidade do tabaco e do álcool das prateleiras”, disse. Kwitko afirmou que, em países desenvolvidos, o que se vê é que o álcool e o fumo não são mais visíveis aos consumidores, e este fato está trazendo muitos benefícios à saúde dos cidadãos.
Na opinião de Kwitko, deveria ser obrigatório que as bebidas e os cigarros estivessem escondidos da população e que nunca mais houvesse anúncios em rádios ou redes de televisões. O médico ressaltou que a Santa Casa visa divulgar uma concepção alinhada aos que ensinam as boas práticas em saúde e que, com esse projeto, busca-se colaborar com um processo de renovação salutar da sociedade.
