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Com 738 casos de microcefalia no Nordeste, RS recomenda que grávidas evitem região

O Brasil vive situação de Emergência em Saúde Pública devido ao aumento de mais de 500% no número de casos de nascimento com microcefalia, na Região Nordeste. A situação gerou alerta do diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, que aconselhou as mulheres, especialmente de Pernambuco, onde já foi registrada a má-formação em 497 bebês, a adiar os planos de gravidez. “É o conselho mais sóbrio que pode ser dado”, enfatizou.
O alerta ocorre devido à suspeita de que o aumento nos registros esteja relacionado à ocorrência do vírus zika na região. Os 739 casos de microcefalia registrados neste ano no país ocorreram entre os estados nordestinos ” exceto Maranhão ” e um em Goiás. O vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e da febre chikungunya, foi encontrado em amostras de gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia, pela Fiocruz, que participa das investigações. A doença, muitas vezes assintomática, chegou ao país possivelmente vindo da África durante a Copa do Mundo, no ano passado.
Apesar de ser um achado científico importante para o entendimento da infecção por zika em humanos, o ministério alerta que os dados atuais não permitem correlacionar inequivocamente, de forma causal, a infecção pelo vírus com a microcefalia. Tal esclarecimento se dará por estudos coordenados pela pasta e outras instituições envolvidas na investigação das causas de microcefalia no país.
Grávidas devem evitar viagens ao Nordeste
Enquanto prevalece a suspeita, a coordenadora do Centro de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul, Marilina Dercini, também recomenda às mulheres grávidas ou que planejem engravidar que adiem planos de viagem ao Nordeste. “Quando não for possível, devem usar roupas longas e utilizar repelentes à base de DEET, em concentração de 10 a 30%, indicado às gestantes, além de evitar locais com proliferação de mosquitos”, aponta.
Devido às facilidades de fluxo migratório, a Secretária Estadual da Saúde não descarta a chegada do vírus ao RS. “Por isso, é nossa responsabilidade estarmos preparados”, prontificou o secretário João Gabbardo. Marilina explica que essa preparação diz respeito a evitar a proliferação do Aedes aegypti, que é detectado em 168 municípios gaúchos; monitorar sintomas de doenças vetoriais, especialmente após viagens; e notificar todos os nascimentos com microcefalia. Em 2014, foram registrados sete casos no Estado e, neste ano, nove. No Brasil, o número no último ano havia ficado em 147.
De acordo com a pasta do governo gaúcho, o investimento contra a propagação do mosquito para este verão será de R$ 3,8 milhões, entre repasses às cidades e campanha de conscientização à população. Entre as principais recomendações, estão: tampar caixas d”água e recipientes que acumulem água; guardar garrafas vazias viradas para baixo e pneus sob abrigos, não acumular água nos pratos de vasos de plantas e enchê-los com areia; manter desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises; lixeiras fechadas; e piscinas tratadas o ano inteiro. Nesta estação, não foi registrado nenhum caso de dengue no Estado, que também não tem registros de chikungunya ou zika.
O que é microcefalia
A microcefalia é uma má-formação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal, que habitualmente é superior a 33cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como genética, substâncias químicas, radiação ou mesmo outros agentes biológicos infecciosos ” como bactérias e vírus.
A condição normalmente é detectada pelo médico logo após o nascimento. Os pais são orientados a realizar terapias para melhorar as habilidades da criança, que podem ser prejudicadas ” como fisioterapia, fonoaudiologia ou terapia ocupacional. São observados problemas como retardo mental, atraso nas funções motoras e de fala, distorções faciais, nanismo ou baixa estatura, hiperatividade, epilepsia, dificuldades de coordenação e equilíbrio e alterações neurológicas, mas algumas crianças com microcefalia podem, inclusive, ter desenvolvimento e inteligência normais.

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