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Atletas transplantados incentivam a doação de órgãos

10917267 1016924108388334 8953598755122908971 nPara a atleta gaúcha Liège Gautério e o judoca alagoano Bruno Cunha, a vida mudou de um dia para outro. Ambos foram acometidos por doenças e precisaram realizar um transplante de órgãos: ela de pulmão, ele de rim. Em pontos diferentes do país, os dois receberam o tratamento e hoje seguem uma vida normal.

Unidos pela vontade de viver e a paixão pelo esporte, Liège e Bruno participam da campanha publicitária do Ministério da Saúde para incentivar e conscientizar as famílias brasileiras sobre a importância da doação de órgãos. A campanha de 2015 tem como tema a alusão ao esporte e aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.

No país, a autorização para a doação de órgãos é concedida pelos familiares. Dessa forma, para que a vontade de doar órgãos após a morte seja atendida, é importante avisar a família sobre a decisão e pedir para que ela atenda ao desejo. A doação pode ocorrer após a morte encefálica ou em vida. Neste último caso, é possível doar um dos rins, parte do fígado e uma parte dos pulmões para um cônjuge ou parente até o quarto grau e com a devida compatibilidade. Também é possível doar para alguém que não seja da família. Nesse caso, além da compatibilidade, é necessária a autorização judicial, a comunicação ao Ministério Público e ao comitê de ética do hospital.

O Brasil possui hoje a maior taxa de aceitação familiar para doação de órgãos da América Latina. Em 2014, 58% das famílias brasileiras optaram por doar os órgãos dos seus familiares, enquanto, em 2013, o índice foi de 56%. Esses percentuais são de 51% na Argentina, 47% no Uruguai e 48% no Chile. Atualmente, 95% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o Brasil referência mundial no campo dos transplantes e maior sistema público do mundo.

Em entrevista ao Blog da Saúde Liége e Bruno dividiram um pouco da história de seus renascimentos, como gostam de chamar.

Liège Gautério, 42 anos, educadora física e atleta de atletismo

FOTO PERFIL

“Em 2003 eu tive o que os médicos chamam de pneumotórax, uma bolha no meu pulmão que estourou. Senti uma pontada nas costas quando respirava mais profundamente. No dia, achei que era algum desconforto muscular, já que sempre treinei. Fui para academia achando que ia passar. Quando estava fazendo a parte aeróbica a dor se acentuou. Da academia fui para o hospital. Depois dos exames, me encaminharam direto para a cirurgia. Drenaram o ar do meu pulmão direito e tive que fazer uma cirurgia. 

Com as investigações, descobriram que eu tinha uma fibrose pulmonar e que era uma doença sem cura e progressiva que me faria necessitar de um transplante. Fui acompanhando a evolução da doença, mas voltei a ter uma vida normal. Três anos depois tive a mesma coisa só que no pulmão esquerdo. Fui convivendo bem até 2009, quando comecei a sentir cansaço pra correr e meu rendimento não era a mesma coisa. Procurei a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e comecei um acompanhamento. Em 2011, os sintomas já estavam bem mais intensos e eu tinha falta de ar até para escovar os dentes. Nesta época, eu ia para academia com o oxigênio portátil. Transplantei o pulmão esquerdo em setembro de 2013, depois de cinco meses na fila. Foi realmente um renascimento, porque neste período de espera eu piorei muito, já não conseguia nem andar. Desde 2013 vivo bem com este pulmão que ganhei de presente. Depois da recuperação, que durou mais ou menos três meses, consegui voltar ao trabalho e ter uma vida normal. Inclusive competi agora em agosto na Olímpiada dos Transplantados, realizada na Argentina, onde fiz uma prova de corrida”.

A fibrose inutilizou o pulmão esquerdo da atleta e hoje ela vive apenas com pulmão esquerdo.

Assista o filme produzido com Liège para a campanha

Bruno Cunha, 24 anos, engenheiro, atleta de judô

brunoBruno e o pai Romeu na preparação para o transplante

“Minha doença foi silenciosa. Em 2011, era atleta do Flamengo e da seleção brasileira de judô. Na época estava disputando a Copa do Mundo de Judô. Lutei em um domingo a tarde e no mesmo dia a noite, enquanto estava no hotel, percebi sangue em minha urina.. 

No dia seguinte fui fazer exames para saber o que era. No primeiro diagnóstico já foi descoberto que meus rins estavam parando, funcionando com 10% da capacidade. Os médicos não conseguiram diagnosticar qual foi a origem do problema, mas já sabiam que eu ia necessitar de um transplante de rins. Comecei o processo para o transplante e a investigar possíveis doadores na minha família. Meu pai era compatível. Ele se submeteu a uma série de exames criteriosos para poder doar. O corpo do doador tem que estar completamente saudável, ele não pode ter uma unha inflamada, para se ter certeza que ele vai viver bem sem um dos rins. 

O objetivo dos médicos era me deixar bem para que eu voltasse a lutar o judô, por isso se eu fizesse a hemodiálise, ficaria com o braço muito fraco e encerraria minha carreira. Optamos por um tratamento baseado em uma dieta e acompanhamento semanal para eu aguentar até o transplante. Passaram-se cinco meses entre o diagnóstico e o transplante. Fiz a cirurgia em primeiro de novembro de 2011 e hoje minha vida está ótima. Senti no momento do diagnóstico que minha vida virou de cabeça para baixo, mas depois do transplante tenho uma vida normal, sem limitações e muito saudável. Gostaria de deixar este depoimento para incentivar as pessoas a serem doadores, tirarem os pacientes da fila do transplante de todos os órgãos. Com este ato de amor você devolve a vida para uma pessoa. No meu caso, meu pai me deu a vida duas vezes: quando me concebeu e quando ele me devolveu a vida”.

Assista ao filme do Bruno.

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