Os resultados do estudo Saúde Respiratória e do Pulmão, encomendado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) ao Instituto Datafolha não poderiam ser mais estarrecedores. Entre os diversos dados que demonstram a falta de informação da população acerca das doenças que atingem pulmões e demais órgãos do sistema respiratório, 90% dos entrevistados não lembraram espontaneamente do câncer do pulmão quando indagados sobre as doenças respiratórias que conheciam. Mesmo após revelada lista com os principais males que atingem a saúde respiratória, entre eles o câncer de pulmão, 10% reafirmaram desconhecer o mal.
A constatação foi recebida com surpresa pelos médicos pneumologistas. “Mesmo com todas as campanhas para conscientização, ainda é muito grande o número de pessoas que nunca ouviu falar nessa doença”, aponta a dra. Jussara Fiterman, presidente da SBPT.
Espontaneamente, as doenças mais citadas foram asma (44%) e bronquite (40%), seguidas de pneumonia (24%), gripe/resfriado/H1N1/gripe suína (19%) e tuberculose (17%). Responderam desconhecer qualquer doença 15% dos entrevistados.
Após tomar conhecimento da lista das principais patologias pulmonares, as mais conhecidas foram gripe/resfriado (99%), asma (96%), pneumonia (96%), e bronquite (95%), seguidas de tuberculose (94%) e câncer de pulmão (90%).
Mais sobre a pesquisa
Os 90% que, após receber a lista com as principais doenças respiratórias, afirmaram conhecer o câncer de pulmão, prosseguiram respondendo questões acerca de sintomas, prevenção, diagnóstico e outros aspectos da doença. Novamente o que se encontrou foi desinformação.
Destes, 90% acertaram que a fumaça do cigarro é o principal fator que causa ou agrava a doença, 32% citaram a poluição e 23% o fator genético. No entanto, erroneamente, declararam causar ou agravar o quadro pó ou poeira (19%), clima frio ou úmido (13%), sedentarismo (9%), ar-condicionado ou ventilador (8%), bebida alcoólica (1%). Outros 6% não souberam citar um único fator causador do câncer do pulmão.
Com relação aos sintomas e detecção, o alarme é ainda maior: 47% não conseguiram citar um único sintoma, 20% não foram capazes de determinar um exame para diagnosticar a doença e 49% não souberam dizer qual a especialidade médica a ser procurada em caso de suspeita da doença.
“Este câncer pode suscitar diferentes sintomas conforme a localização do tumor, sendo impossível generalizar. Para se ter uma ideia, enquanto um câncer central causa tosse; o periférico provoca dor torácica. Já no caso de escarro com sangue, provavelmente o câncer atinge um brônquio”, explica Fernando Lundgren, diretor de divulgação da SBPT.
Exposição à fumaça de cigarro
Mesmo na vigência da lei antifumo em diversas regiões do país, mais de um quarto dos entrevistados (26%) declararam ficar expostos à fumaça do cigarro em média 4 horas ao dia. Oito em cada dez declararam não fumar (79%); e dos 20% que mantém o hábito, consomem em média 13 cigarros por dia.
O costume de fumar é maior entre os homens, de faixa etária de 25 a 59 anos, com ensino fundamental.
Tabagistas ou não, da totalidade dos entrevistados que afirmam conhecer a doença, 1% não concordam que o câncer de pulmão seja causado pelo cigarro; e 1% não crê nos prejuízos do tabagismo passivo, ou seja, que a fumaça do cigarro traz iguais prejuízos ao não-fumante quando em contato com a mesma.
Câncer tem cura
Embora o prognóstico de quem recebe a confirmação do câncer de pulmão seja difícil, muito se deve ao fato de a doença geralmente ser descoberta já em estágio avançado, quando as chances de cura já estão bastante reduzidas.
“Em caso de dúvida, o ideal é procurar um médico pneumologista o quanto antes. No caso de tabagistas com mais de 40 anos, é recomendada uma consulta anual. A mesma orientação vale para quem parou de fumar recentemente, pois os riscos de ter a doença relacionada ao tabagismo se prolongam por cerca de cinco anos após a cessação”, explica Lundgren.
No entanto, parece que a população ainda carece de informação. Diante da afirmação “câncer de pulmão tem cura”, 33% dos entrevistados discordam, não acreditando na cura da doença; e 13% não concordam nem discordam. Ou seja, pouco mais da metade (54%) concordam, ainda que em parte.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), até o fim de 2010 o Brasil deve registrar 27.630 novos casos de câncer de pulmão, sendo 17.800 homens e 9.830 mulheres. Em 2008, foram registradas 20.485 mortes em decorrência da doença, dos quais 13.050 homens e 7.435 mulheres.
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